quarta-feira, 23 de julho de 2008

DESCULPA À UM POEMA


Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
Quando comecei a postar comentários aos poemas de Marcelo Novaes eu critiquei um poema dele “quaresma”, com o único intuito de “marcar posição” de dizer: olha aqui, não vou ficar te elogiando o tempo todo, tenho personalidade!”
Ele me dizia, com cordialidade que o poema era bom, eu nem ligava, achava que os elogios feitos aos outros poemas dele já redimia o que eu tinha escrito sobre o “quaresma”.
O quaresma é um ótimo poema, muito bem escrito, como todos os de Marcelo.
Quando me refiro a Marcelo, uso qualificações que soam exagero, idolatria, ou coisa que o valha, tenho por Marcelo mais amizade e afinidade do que idolatria. Idolatrar eu não idolatro ninguém, nem o que eu considero o maior de todos os escritores de hoje e de sempre: William Shakespeare, acho-o grandioso e superior a tudo que eu li, mas pensar nele como um ser iluminado (o era intelectualmente, como escritor), não dá.
O que quero dizer aqui é que o ser humano é temeroso de gostar de algo ou alguém, tem de explicar o seu gostar. Não pode simplesmente achar uma coisa sobre uma obra de arte, sem que tenha passado pelo crivo de um senhor de 86 anos que leu Joyce, que fala 15 idiomas, que tem uma bagagem intelectual imensa.
O que você leu não faz de você um homem mais inteligente, superior e com mais discernimento. O faz mais conhecedor, mas não superior ao que você é.
Cito sempre quando toco nesse assunto o poeta francês Arthur Rimbaud, pois o poeta aos 16 anos escreveu “uma estadia no inferno”. É isso o que digo, o cara com 16 aninhos escreveu o que nenhum intelectual com um conhecimento imensamente superior ao dele escreveu.
Para que eu diga o que acho sobre Marcelo Novaes não preciso que ele saia como “resenhado” da veja, que um crítico de qualquer órgão “sério” venha à público e diga: ele é bom!
Para mim, e é para quem conta, ele é um poeta a ser situado entre os melhores de nossa língua. Não de hoje, mas de todo o tempo de nossa literatura.
Se estou certo, se estou errado é problema meu, se ele rejeita essa condição é problema dele, se eu exagero, exagera também Harold bloom quando fala de Shakespeare.
Agora alguém dirá: você não tem noção do ridículo que você escreveu acima?
Tenho sim. Shakespeare era superior a Marcelo sim, e Harold bloom, com relação a mim (em conhecimento), está para um oceano para um gota. Mas não somos todos iguais? Ele pode dizer bobagens como: “Shakespeare era melhor psicanalista que Freud,” ou que “Shakespeare inventou o humano” ou ainda dizer categoricamente (e ninguém se espanta) que se Shakespeare não tivesse existido o mundo não era como é hoje. Ninguém acha imbecilidades como essa, espantoso, porque ele leu tudo, conhece tudo, então pode dizer uma asneira sem sentido, pode colocar Shakespeare como um religião (segundo ele a maior que poderia existir, mas isso é inviável, pois a humanidade teria que evoluir muito para chegar a tal)pode dizer coisas que fariam/fazem envergonhar um analfabeto por tê-las dito, ninguém se espanta nem protesta. Eu não posso defender uma opinião minha, que eu não imponho a ninguém, que repito a toda hora que é minha, que aceita a refutação de quem não concorda, enfim, ele pode ter opinião (por mais imbecil que seja) eu não (por mais explicitado que seja que é minha opinião), então tudo é questão de ser, ser ou não ser, ele é, eu não sou, ele pode dizer que Shakespeare é mais influente que Jesus Cristo, eu não posso dizer que Marcelo Novaes, em minha opinião, frise-se, é o maior poeta brasileiro atualmente, e um dos maiores que eu li em todo tempo de literatura brasileira.


PARA TERMINAR PEÇO DESCULPAS AO POEMA, POR TER SIDO INJUSTO COM ELE. QUARESMA É SIM UM GRANDE POEMA.

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