terça-feira, 26 de agosto de 2008

DOSTOIEVSKI


RUSSO QUE POR TER SE TORNADO POPULAR SE TORNOU UMA ESPÉCIE DE ALVO DOS CRÍTICOS IMBECILIZADOS (SÃO MUITOS), QUE CONFUNDEM POPULAR COM MAU GOSTO, QUE ACHAM QUALQUER COISA QUE VENHA A TER SUCESSO ENTRE UM CAMADA MAIOR, MESMO NÃO SENDO MAJORITARIA NEM ENTRE OS QUE GOSTAM DE LITERATURA, UM COISA DE MENOR APREÇO.
OTTO MARIA CARPEUX FOI UM INTELECTUAL DE UM CONHECIMENTO IMENSO, COM UMA BIBLIOTECA MUNDIAL NA CABEÇA, POLIGLOTA, UM CONHECEDOR DE GRANDE ENVERGADURA, UM CARA CULTO, TRANSITAVA POR DIVERSAS LITERATURAS COM A MESMA DESENVOLTURA DE UM HAROLD BLOOM, SEM O ESTARDALHAÇO DESTE. O INTELECTUAL AUSTRÍACO PREFACIOU PARA UMA TRADUÇÃO DE RACHEL DE QUEIROZ, UM OBRA DE ARTE DO ROMANCISTA, "OS DEMÔNIOS", EM ALGUMAS TRADUÇÕES "OS POSSESSOS", QUE EU NÃO SEI PORQUE PODE HAVER DUAS TRADUÇÕES DE UM LIVRO, SENDO UMA "OS DEMÔNIOS" E A OUTRA "OS POSSESSOS", ALGUÉM ERROU. NELSON RODRIGUES DIZIA (ELE ERA UM EMPEDERNIDO MONOGLOTA) QUE DESCONFIAVA QUE NUNCA HAVIA LIDO FLAUBERT, NEM DOSTOIEVSKI ( ESSA GRAFIA DO NOME DO RUSSO, CREIO JÁ TÊ-LA VISTO DE 4587 MANEIRAS DIFERENTES) POIS BEM, COMO DIRIA A NOSSA GERTRUDES, CUJA MAIOR FEITO NA PEÇA FOI PROPICIAR A HAMLET SOLTAR A CÉLEBRE FRASE EM QUE BRADA "LEVIANDADE, TEU NOME É MULHER", ESSE LEVIANDADE, PODE-SE TROCAR POR UMAS 54789 PALAVRAS, EU JÁ LI NAS TRADUÇÕES DE HAMLET, AS SEGUINTES: FALSIDADE, INCONSTÂNCIA, DISSIMULAÇÃO, FRIVOLIDADE... E POR AÍ VAI. MAS COMO DIRIA (VOLTANDO AO QUE EU FALAVA, SE É QUE EU SAIBA ONDE ESTOU OU ESTAVA) NOSSA RAINHA LEVIANA, "MENOS ARTE E MAIS CONTEÚDO". NO PREFÁCIO QUE FAZ DO DITO LIVRO, CARPEUX (NÃO LEMBRO SE É ASSIM QUE SE ESCREVE, E, PARA VARIAR UM POUCO, A VELOX DEU PREGO, POR ISSO VAI CARPUEX MESMO, E VAI TAMBÉM A PROMESSA DE NÃO MAIS POR PARÊNTESIS TÃO INÚTEIS QUANTO IMBECIS, PUS UM PARÊNTESIS DENTRO DE OUTRO TAL QUAL SHAKESPEARE O FAZ EM HAMLET, COLOCANDO O TEATRO DENTRO DO TEATRO E AINDA DANDO UMA AULA DE COMO DEVE SER O TEATRO.
CARPEUX DIZ QUE TURGUNIEV(?) FOI O JOÃO BATISTA DE DOSTOIEVSKI, DIZIA QUE A PALAVRA NOVA SAIA DA PENA DO MESTRE RUSSO.
NIETZSCHE, UM HOMEM QUE NÃO ERA DADO A ELOGIOS GRATUITOS, DISSE QUE SÓ DUAS PESSOAS ENSINARAM ALGO A ELE EM PSICOLOGIA: DOSTOIEVSKI E SHAKESPEARE.
VOCÊ PEGA OS LIVROS DE DOSTOIEVSKI E NÃO LÊ SÓ UMA VEZ, E FICA MARCADO PELO RESTO DA VIDA.
NÃO EXISTE COMPARAÇÃO POSSÍVEL ENTRE DIOGO MAINARDI ( EU GOSTO DELE) E OTTO MARIA CARPEUX, MUITO MENOS ENTRE MAINARDI E O FILÓSOFO ALEMÃO (PARA MIM POETA), DIOGO PERTO DELES É COMO UM FORMIGUINHA, NO ENTANTO DIOGO DIZ QUE DOSTOIEVSKI NÃO É ISSO TUDO E PIRIRIPORORÓ.
VIERGÍNIO SANTA ROSA ESCREVEU UMA LINDA BIOGRAFIA DE DOSTOIEVSKI , LI E FIQUEI IMPRESSIONADO COM A VIDA DO BIOGRAFADO, ELE ERA UM HOMEM DE EXTREMOS, VICIADO EM JOGO, NUNCA TEVE PAZ PARA ESCREVER, PERDIA O QUE TINHA NAS ROLETAS, FEZ UM ACORDO RUINOSO COM SEU EDITOR, UM FILHO DA ..., QUE O ESTORQUIU O QUANTO PODE. DISSE A UM AMIGO QUE SE TIVESSE PAZ E TEMPO PARA SE DEDICAR EXCLUSIVAMENTE À ESCRITA, FARIA UMA OBRA QUE ULTRAPASSARIA O SÉCULO.
DOSTOIEVSKI RI DE ONDE ESTÁ, PORQUE SUA OBRA VAI VARAR TODOS OS SÉCULOS QUE NOS FALTAM ATÉ ACABARMOS COM NOSSOS RECURSOS NATURAIS,OU DESENCADEAR-MOS UM HECATOMBE NUCLEAR.
TEM UM LIVRO DELE QUE MUITO GENTE NÃO CONHECE, CHAMADO "O HOMEM DO SUBSOLO" OU "NOTAS DO SUBTERRÂNEO", É UM LIVRO DOS MELHORES QUE O MUNDO CONHECEU O QUE FAZ PENSAR MUITO SOBRE NOSSA CONDIÇÃO DE BOBOS METIDOS A ESPERTOS, PALHAÇOS QUE JULGAM SEREM DONO DE SEUS CIRCOS.

2 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso, Wellington! Alguém já lhe disse que sua inteligência e visão ofusca a de muitos? Senão, eu digo. Olha que achava que tinha lido e relido tudo de Dostoievski, e não lembro de ter lido esta biografia, assim como nem sabia da exist}encia de Otto Carpeaux (?) e Minardi. Agora, aprender as obras com você ou com Marcelo que já conhecem meus "devaneios", "leviandades" etc...etc... é outra coisa, muito melhor que o "ler solitáriamente" sem ter como indagar pensamentos e análises. No meu meio sou tida como alienada por gostar de ler. Prefiro os livros. Eles não fazem mal a ninguém.

Muito bom! Parabéns, e obrigada, amigo

Beijos

Mirze

Marcelo Novaes disse...

A vida de Dostoiévski é um absurdo. É uma vida maior do que seus romances.E uma vida assim, nas mãos certas, dá nos romances que deu. Bobagem diminuí-lo, ou pretender fazê-lo.Não há o que dizer. Quando o sujeito cria um "mundo dostoievskiano" a ser explorado, e / ou "relativizado", significa, sempre, que ele fez muito. Dostoiévski enviava as provas de Os Irmãos Karamazov, capítulo por capítulo, a Pobednostev, que as aprovava, criteriosamente. Quando lhe chegou às mãos a passagem do "Santo Inquisidor", Pobednostev expressou "admiração literária", mas disse, expressamente, que aquilo deveria ser eliminado do livro. Destruído. Rasgado. Em favor da "verdadeira religião". Dostoiévski prometeu que o faria, e há indícios de que o tentou, pelo menos uma vez. Mas não conseguiu. Então, além das lutas pessoais de sua vida ( morte precoce de sua mãe, depressão e alcoolismo do pai, condenação à morte por fuzilamento, comutada à última hora em cinco anos de trabalhos forçados, na Sibéria; vícios,dívidas, epilepsia severa...), Dostoiévski ainda tinha de lutar com a avalização de seu trabalho pelo seu tempo. "Lutar contra as próprias imagens que lhe ocorriam", se seguisse os conselhos dos outros. Não seguiu. É um grande "romancista de idéias". Retrata estados emocionais, tais como humilhação, vizinhança da loucura, impulsos suicidas e homicidas..., com tal propriedade, que Freud considerava Os Irmãos Karamazov como o melhor romance já escrito. Acima do Fausto, de Goethe. Dostoiévski conhecia a grande literatura de seu tempo, e a anterior ( Pascal, Sheakespeare, Victor Hugo, Schiller). Como Mirze gosta muito de ler, e admira biografias e "biografias literárias", e como Bloom se esqueceu de Dostoiévski ( como Mainardi), ficam aqui duas sugestões de leitura: OS Realistas ( retrato de oito romancistas realistas), de C. P. Snow, pela José Olympio (!). E Dostoiévski Artista, de Leonid Grossman, pela Civilização Brasileira.

Parabéns, Wellington, pelas postagens sobre ( e de ) Dostoiévski. Todo psicólogo, todo filósofo e todo teólogo, em algum momento, tem de dialogar com ele. Ou refazer , mentalmente, algumas de suas questões e argumentos. Ainda que fosse só por isso, sem nenhuma maestria estilística ( o que não é o caso), há de se perguntar: SERIA POUCO?! Então..., o que se pode esperar de um autor?! Que reconstrua a linguagem ou, quiçá, o homem?! "Romance de idéias" é a chave. Quem lida com idéias sabe apreciar Dostoiévski. Otto Maria Carpeaux sabia...


Abraços a Mirze e a você, Wellington.



Marcelo.