Harold bloom, um vetusto crítico literário americano, coloca Shakespeare na categoria acima dos humanos, segundo ele, um deus mortal.
De qualquer outro ponto de vista ele estaria errado, do ponto de vista literário, não.
Qualquer um, não precisa ser um Bloom, que lê Shakespeare, e o confronta com outro autor, sente a diferença brutal, os outros, os mestres da literatura, fizeram literatura, Shakespeare foi além.
As qualidades literárias dele são tantas e tão fabulosas, que coisas que amamos em um escritor, ele tem em muito, mas muito mesmo, maior intensidade, densidade, que os que escolhemos pela única do escritor normal.
Explico: quem ama Guimarães rosa, ama pela sua capacidade criativa no domínio da palavra, suas criações lingüísticas. Só por isso, mais nada. E o rosa é um gênio, um criador, um excepcional da literatura brasileira e mundial, e o próprio Bloom reconheceu isso.
Pois bem, pegue o Rosa, sob esse aspecto, analise sob este prisma, e compare com Shakespeare, rosa seria humilhado. Shakespeare usou em torno de 15 000 palavras. Uma quantidade assombrosa, inalcançada, mas o feito maior, foi criar palavras que viraram palavras de fato, expressões, que viraram expressões de fato, as vezes até complexas. Ninguém diz, sem recorrer a explicações do porque está dizendo, “pão ou pães é questão de opiniões”, ou “no bobo das coragens”, sem dar uma explicação, sem citar o autor, ao passo que você diz coisas como: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe tua filosofia” ou “meu reino por um cavalo”. Quanto as palavras, e na criação delas, basta dizer que no dicionário Oxford, existem 2000 palavras introduzidas na língua inglesa por ele. E para encerrar, se o assunto é importância na criação da palavra, ou coisa que o valha, é fácil saber quem tem mais importância, basta dizer que Shakespeare mudou e pode-se dizer sem exagerar, que recriou um língua, o rosa, nem sonhou isso, porque era acima de suas capacidades. Veja só, não estou diminuindo Rosa, ele foi um gênio, um criador, um escritor com talento e força enormes, que comparado a outro, de qualquer tempo, de qualquer lugar, não faria feio, com Shakespeare a comparação é desvantajosa, não digo humilhante porque não chega a ser humilhação perder para Shakespeare.
Mirse comentou um post meu, e concordou com Shakespeare, mas poderia ser o contrário?
A argumentação shakesperiana é simplesmente incontestável. Seja o bem falando , seja o mal. A capacidade de raciocínio e psicologia do bardo é inigualável, espetacular. Você lê Ricardo III e duvida de que ele possa seduzir a cunhada no momento de enterrar o marido. Ele o faz e usa argumentos convincentes. Iago convenceria qualquer ser humano a qualquer coisa. Tende-se a se achar Otelo, um ser fraco, ciumento, e ter um certo repúdio pela sua figura. Errado, Iago faria do menos ciumento dos homens, um Otelo, porque Otelo não era Otelo, Iago o fez assim.
5 comentários:
Meu caro,
a sua (justa) paixão por
SHAKESPEARE
é mais do que humana: é
SHAKESPEAREANA.
(Curiosamente, eu tinnha escolhido 'Othello', admirável recriação cinematográfica de Orson Welles, para incluir hoje no Balaio em "minhas" OBRAS-PRIMAS DO CINEMA. De últimma hora, resolvi mudar para 'Eastros de ódio'.)
Um abraço.
Oi, WEll!
Saudades! Você sumiu!
Também tenho grande admiração pela obra de SHAKESPEARE.
Muito boa a tua prosa! Recheada de hiperlinks invisíveis [para quem gosta de aprender]. Por falar nisto, tu saberias colocar hiperlinks em teus textos??
Voltando a SHAKESPEARE, gosto muito da seguinte fala contida em Hamlet:
"Em absoluto, desafio os augúrios. Existe uma previdência especial até na queda de um pássaro. Se é agora, não vai ser depois; se não for depois, será agora; se não for agora, será a qualquer hora. Estar preparado é tudo. Se ninguém é dono de nada do que deixa, que importa a hora de deixá-lo? Seja lá o que for!" (Ato V, cena II)
É isso... "Estar preparado é tudo". Principalmente num mundo louco, como o nosso.
Grande abraço!
Taninha
Que dizer? Nada!
Belíssima postagem coberta de razões.
Há um diálogo em Hamlet que gosto muito, pois Shakespeare,na figura de Hamlet, falando à Horácio, dá uma verdadeira AULA :
Hamlet: O rei, hoje mantém-se acordado; enche a taça, celebra a orgia, e cada vez que engole seus tragos de vinho do Reino, o tímbale e a trombeta berra o triunfo que está fazendo.
Horácio: Não é o costume?
....e aqui a genialidade:
Hamlet: Por minha fé, é. Mas embora familiarizado desde minha infância com semelhantes hábitos, acho que são usos "AOS QUAIS SEJA MAIS HONROSO RESISTIR QUE SUBMETER-SE". Esses torpes bacanais são causas de que, do Oriente até o Ocidente, sejamos denegridos e insultados pelas nações....e muito embora sejam altas nossas virtudes, esses eexcessos tiram de nossas nações a flor e a nata de sua glória. Assim acontece com os homens que possuem algum estigma vicioso por natureza, seja por nascimento ( no que não são culpados, pois a natureza os impede de escolher seus pais), seja por algum instinto que habitualmente atira por terra os parapeitos e valados da razão, ou por um hábito que faz fermentar o molde dos bons costumes que essas pessoas, digo (trazendo a marca de um só defeito, seja devido à vestimenta da natureza, ou à Roda da Fortuna); TODAS AS SUAS VIRTUDES ( MUITO EMBORA Tão PURAS QUANTO A GRAÇA DE DEUS E TÃO INFINITAS QUANTO POSSA O HOMEM SUPORTAR) srão menoscabadas no comum sentido por aquela falta particular.
"UMA PARTÍCULA INFINITA DE IMPUREZA CORROMPE A SUBSTÂNCIA MAIS NOBRE, REBAIXANDO-A AO NÍVEL DE SUA PRÓPRIA DEGRADAÇÂO"
Nesse diálogo, Shakespeare, une ao mesmo tempo : o ser humano, aquele que herda dos ancestrais, defeitos, etc... dá uma aula sobre comportamento e põe a igreja no chinelo, dentro da sua genialidade.
Parabéns, Well!
Quem como você é admirador de Shakespeare, já tem tudo na vida para passar a um filho ou amigo.
Beijos
Mirse
Voltei porque esqueci de dizer que considero Shakespeare A GÊNESE DA ARTE LITERÁRIA, onde se fundem todas as outras artes.
Beijos
Mirse
MOACY, SHAKESPEARE FOI UM CARA TÃO PORRETA, QUE ERA PARA TER NASCIDO EM CAÍCO.
TANINHA,
GOSTO DE TU, AINDA ONTEM ELOGIEI TEUS TEXTOS, MIRSE ESTÁ DE PROVA. QUANTO A SHAKESPEARE, ESCOLHESTE UM TRECHO DELE GENIAL, MAS QUE ELE TIROU DA BÍBLIA, LIVRO QUE O INFLUÊNCIOU MAIS QUE TODOS. COMO SEI QUE ÉS RELIGIOSA TE DIGO: HAROLD BLOOM É ATEU, MAS O QUE ELE DISSE SOBRE JESUS , E SOBRE A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE HAMLET (HAROLD BLOOM COLOCA JESUS COMO PERSONAGEM DE UM LIVRO)MAS O QUE ELE DISSE SOBRE JESUS SER SUPERIOR AO HAMLET, DÁ A MEDIDA DA FORÇA DO NAZARENO, QUE ´RE RESPEITADO ATÉ POR ATEUS.
MIRSE,
BLOOM TÁ CERTO, SHAKESPEARE FOI O MELHOR, ISSO PARA MIM É CLARO.
OBRIGADO A TODOS TRÊS, MAS FALTOU DIZER: SEM IDOLATRIA. SÓ UM MERECE ISSO, E NÃO É SHAKESPEARE, É JESUS CRISTO.
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