segunda-feira, 23 de junho de 2008

SALVE FHC

O IRRITANTE DO MUNDO É LER DELFIM NETO APONTANDO OS ERROS DO "PLANO REAL". O MÍNIMO QUE ELE PODERIA FAZER SERIA FECHAR A BOCA, MAS ESTAMOS NO BRASIL, ESSE É O PROBLEMA. NÃO OCORRE AO JORNALISTA QUE FEZ A ENTREVISTA PERGUNTAR AO GÊNIO ECONÔMICO: QUANDO O SENHOR TEVE PODER (TOTAL, POIS ERA REGIME DE FORÇA), PORQUE NÃO CONTROLOU A INFLAÇÃO? PORQUE CRITICA UM PLANO QUE DEBELOU UMA INFLAÇÃO DE 50 ANOS, CRIADA POR UM POPULISTA QUE RESOLVEU FAZER UMA CIDADE SEM MOTIVO?
O IRRITANTE DO MUNDO É VER GENTE COMO LULA (UM IDIOTA ANALFABETO), COM UMA ENORME APROVAÇÃO POPULAR, E FHC, CRIADOR DO "PLANO REAL", MODERNIZADOR DO ESTADO BRASILEIRO, RESPEITADO NO MUNDO COMO POUCOS O SÃO, EXECRADO NA OPINIÃO DA MAIORIA DOS PATETAS DO BRASIL.
O QUE CONFORTA NO BRASIL SÃO AS MÚSICAS DO CHICO, O SÃO DE CARUARU, SE NÃO FOSSE ISSO, O BRASIL SERIA INABITÁVEL
O QUE ESTRESSA AQUI É TUDO, O QUE APAZIGUA E QUASE NADA.
CHICO QUASE NÃO COMPÕE MAIS E O SÃO JOÃO DE CARUARU ESTÁ PRÓXIMO AO FIM. COMO SERÁ DEPOIS?
DEUS SABE.
CAETANO ESTÁ GRAVANDO UM NOVO CD. TEM O BLOG DO MARCELO, DA HERCÍLIA. MAS ESTES ESTÃO NA NET, DE QUALQUER LUGAR EU OS LERIA.
ENTÃO RESTA POUCO A SER APRECIADO AQUI.
HOJE TODO MUNDO FALA DE FHC, DE SEUS DEFEITOS, DE TUDO. SÓ SE ESQUECE DE UM PEQUENO DETALHE, UMA BOBAGEM: TODOS OS AVANÇOS ALCANÇADOS PELO GOVERNO LULA, SÓ FORAM POSSÍVEIS PORQUE PASSOU POR LÁ FHC. QUER SE QUEIRA, QUER NÃO ESSA É A VERDADE.

sábado, 14 de junho de 2008

MEU PAI

Meu pai não é calmo, odeia americano (de mentirinha) joga, bebe, fala palavrão.
Ele conta piadas horríveis, fala mal a própria mãe, é péssimo motorista (não no conduzir, ele é habilidoso ao volante, mas no trânsito usa mais a buzina que o pneu.
Meu pai quer sempre estar certo, se incomoda com tudo, fala alto demais, é impaciente.
Ele errou feio em suas convicções políticas, não admite o erro, o que é ainda pior (falo de eu estar certo com relação a FHC, e de ele estar errado com relação a Lula). Em relação a toda esquerda hedionda do Brasil.
Mas o fato é: nervoso ele é, mas incapaz da violência. Joga com absoluto controle, com muita habilidade, de modo que o jogo se torna charme, adorno à sua personalidade, não um estorvo em sua vida, nem dos que lhe são próximos.
Bebe, mas sabe beber. Onde muitos se tornam violentos, ele se torna emotivo como um sir “fallstaf”, como um “pangloss”, como um homem que sabe o peso e a dor de não ser eterno.
Fala palavrão e tira dele a pornografia. Fala mal a mãe tendo o olhar risonho dela o ser seu testemunho de que poucos homens no mundo podem se gabar de a todo lugar que foram, tiver levado sua progenitora.
Meu pai quase sempre está certo, e quando erra é por amor, e não há erro em quem erra por bem-querença.
Incomoda-se com tudo, contudo quem lhe recrimina por ser assim? Só quem não o conhece.
Fala alto, com voz tonitruante de sertanejo, de matuto.
Impaciente como quem tem pressa, por saber que a vida urge. Critica tudo por saber que tudo deve ser criticado.
Em suas concepções políticas errou onde todos erraram.
Não tento justificá-lo, não se trata disso. Quem melhor justifica meu pai é sua vida. O imenso carinho que ele nos dispensou durante toda a nossa existência.
Ele pode se gabar do que quiser (ele é muito palrador), mas um a coisa ele tem que supera o que poderia lhe diminuir o ser: o amor descomunal que dedica aos filhos.
Um homem nasce, vive e morre. Um homem é lembrado ou não. Um homem da à medida do que foram pelo amor que suscitou no(s) seu(s) filhos. A medida de um homem é a saudade deixada quando da partida. A de meu pai vai longe, muito longe, hoje sessenta, veremos o septuagenário, octogenário e por ai afora. Mas quando for, deixará em seus filhos a marca que se tem na pele feita a quente, feita em brasa.
Dos sessenta anos de sua vida, participo de quase trinta e três, e digo: pelo que sei, pelo que li, pelo que escutei, do que entendi, de onde eu andei, por onde eu saí aonde eu chorei, onde eu sorri que não há ser que eu ame tanto (junto com meu filho) quanto esse senhor que não é calmo, que odeia americano...

Amo-te pai, e é só.

terça-feira, 3 de junho de 2008

JOSÉ WILKER

José Wilker, sempre gostei do cara, seu jeito Brasil-Europa, com a melhor parte do Brasil, com a melhor parte européia. Ontem vi um filme em que ele protagoniza um personagem de um astrofísico, com uma verdade de doer. Claro que não irei contar o filme aqui, como Millôr Fernandes, tenho algumas qualidades pessoais que prezo, e essa de não contar filmes que a pessoa não viu é uma delas.
É deslumbrante, verdadeiro até no que tem de fantasia. Você assiste com todos aqueles recursos que o cinema usa para lhe comover, e que são abomináveis, como a câmera lenta, a música ao fundo, e outras coisas que fazem do cinema a menos crível das artes. Mas mesmo assim é um belo filme.
Numa cena genial do Wilker(ele está espetacular todo o filme), ele diz a um vigarista que se passava por advinha: a senhora não tem vergonha não? Ao que ela lhe diz: foi cinco reais(sic).
É impressionante como as pessoas procuram algo que não existe, como pode um ser achar que poderá ser feliz, esse estado existe? Há possibilidade real de alguém ser feliz? Não falo da felicidade momentânea, essa até os mais tristes conhecem, falo de um estado perene de alegria que só um lunático experimenta. Falo de uma felicidade que se existisse seria insuportável, idiopática, medíocre, sem vigor. As coisas existem em função dos seus contrários, todo o prazer advém daí, o contrário é pura conversa mole. Se o sujeito for conhecedor só do bem ele é amoral, sem noção de valores. Felicidade é a capacidade que o ser tem de saber que nunca será feliz e fazer disso um consolo, um espécie de couraça contra a dor, e ponderar: se não serei feliz, também não serei infeliz. O diabo é você querer uma coisa que nunca terá. Viver é consolar-se.
Noutra cena de impacto, a menina diz: -vá receber sua medalha! Ao que o antes frio, indiferente cientista exaurido pela realidade dolorosa das favelas cariocas, lhe dizi: -enquanto esse mundo for essa merda, ninguém merece uma medalha.
Não sou muito chegado a cinema, mas amei o filme.