quarta-feira, 30 de setembro de 2009

UMA ESCADA





A menininha disse que quando crescer irá comprar uma escada para poder ver o pai. O pai dela morreu com 28 anos. Era um pai amoroso, muito mesmo. Então a pequena tem saudade do pai morto, e diz que subirá aos céus em uma escada para vê-lo, pois disseram a ela (à guisa de consolo) que seu pai mora no céu.
Perguntei que série ela fazia, ela não me respondeu, me via como inimigo. Tentei conquistar ela lhe prometendo chocolate, lhe oferecendo algo em troca. Escambo.
O pai da menininha morreu de câncer. Forte, rijo, com 28 anos. Corria vaquejada, puxava boi pelo rabo, derrubava um boi, levou sete tiros e não morreu, é sério, sete tiros matam um elefante, não matou o vaqueiro. Um câncer o matou.
Vendo a menininha sofrer a morte de seu pai, vendo ali aquilo, eu contive o choro, contive mesmo. Porque se estivesse sozinho choraria intensamente. Choraria porque sei, e como isso me aflige! Como me desespera! Que meu pai quando morrer não poderei mais ver ele, mesmo comprando uma escada. E meu filho não poderá mais ver-me, quando puder comprar por si uma escada.
Vivemos como aquela menina, nos enganando a cada dia, sonhando com uma escada, uma escada que não virá, e ainda que venha não resolverá o problema.





VIVA O DIA DE HOJE, O QUE PENSO HOJE, O QUE FAÇO HOJE E É PARA O BEM. VIVA MEU PAI, MEUS AMIGOS, PITOCUDO, A MIM. VIVA À VIDA. BRINDE-A, SAUDE-A, AGRADEÇA PELO DIA DE HOJE, POR ESTAR LENDO UM TEXTO IDIOTA, POR SE COÇAR, POR TER FOME, POR TUDO QUE TEM, TEVE OU TERÁ. AGRADEÇA IRMÃO, DOBRE O JOELHO. REZE, CHORE. PORQUE EM ALGUM TEMPO, MENOS DO QUE IMAGINA, VOCÊ SERÁ PÓ.

INDIFERENÇA





Não é pessimismo, nem descrença, é mais vazio e fundo, é indiferença.
É mais que solidão, menos que morte, é saber-me entregue à própria sorte.
Podia ser descrito, se houvesse disso um motivo, ou impulso, como inércia, mas não é inércia, é mais que isso, é morte.
Quisera estar triste, quisera arrependido, mas já nem disso sou capaz, do choro ou medo.
Bom seria ser ateu, ou mal, ou santo. Não creio em nenhum deles, crendo no meio, com dúvida e deboche.
Não é lamento, nem outra coisa de sentimento, é descritivo, como um legista.
E não quero outro jeito, nem ser um “novo homem”, só ouvir histórias, só matar a fome.
Não posso ser o que quis, que eu seja o que sou. Somente eu, sem diabo, sem deus. E que minha dor seja aliviada, minha alegria contida, e siga assim a vida, vida minha, minha vida, querida e continua, lenta como meus gestos, linda e breve, como a beleza de uma jovem puta.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O POETA DOS POETAS




QUEM NÃO ADMIRA OS POEMAS DE MARCELO NOVAES SÃO IMBECIS, MEDÍOCRES, ANALFABETOS, OU TUDO ISSO NUM KIT.
NÃO DIGO MAIS NADA, OS POEMAS FALAM POR SI.


A mulher verde

MARCELO NOVAES

Quando a mulher verde
Surgiu, no meio do fogo que
Crepitava, parecia-se mais
Com a morte

Seu uivo agudo, escuro,
Escarlate, fez lembrar
Manada de búfalos
Quando foge.

O som do desespero:
A espera eterna do eterno
Passageiro.

A mulher verde, em seu uivo
E em seu cheiro de enxofre, fez
Lembrar do verbo, quando sofre
O sonho ausente: íris sem olhos,
Tronco sem membros, boca sem
Dentes,

Dorso membranoso,
como o de um lagarto;

timbre e dicção
de dar nos nervos.


Wellington Guimarães
“Faz lembrar do verbo quando sofre o sonho ausente”

Não existe poesia cerebral, lógico que todo poeta é cerebral, mas poesia cerebral não existe. Quem diabos vai entender pela razão um poema? Mar não tem fios nem fins. Luz não tem franja e sapos não sabem de nada.
A apreciação do poema é irracional, demente, idiota mesmo, mas quem o faz tem de ser cerebral para embotar a racionalidade e fazer o leitor ter convicção absoluta que delimitou o fim do mar, que viu uma franja na luz e era branca, e que sapos sabem, tem consciência dos próprios saltos ou pelo menos do processo da coisa.
Agora, volto à frase acima, Há frases que o cara pensa: essa aí eu gostaria de ter formulado.
Outras, como essa tua, que o cara (eu) acha tão genial que não cogita essa possibilidade. Entenda, não estou me dizendo burro, ou incapaz de formular uma frase inteligente, ou genial como a de acima, mas o que digo é que meu pensamento não se dá conta de coisas alheias que lhe são sentidas, mas não expressadas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O FILHO DE C(K)AROL

Poucas coisas me deixaram tão preocupados ultimamente quanto o filho de Carol, ou karol, ainda não sei. E hoje, me dando conta da nobreza do sentimento que tive, e do desinteresse do meu gesto, e de tudo o que cercou ele, me orgulho de mim.
Não, não é por cabotino, menos ainda ser freqüente, foi um rompante, admito, mas foi honesto, foi orgulho para mim, foi admirável.
O que fiz de tão bom?
Fui humano.
Desinteressado e humano.
O que fiz?
Não interessa, mas fiz, não por outra coisa que não carinho, não amor.
Amor?
Sim, amor não de homem, amor por gente, pela alegria de ver um filho restabelecido.
Olha, fiz parte da alegria de uma mãe. Fiz parte de um sorriso de uma criança. Fiz parte do amor de Cristo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

MARCELO NOVAES

Marcelo Novaes escreveu “o escudo, o elmo e a sobra.” Uma obra de arte. Postei aqui duas vezes este poema, postarei sempre.
Há dois tipos de seres, só isso, não mais que isso. A saber: os cretinos e o não cretinos.
Qualquer ser humano normal, que seja minimamente letrado, ao ler o “escudo... ,” e não ficar pasmo, tem pouco o que se dizer dele. Ou nada.
Marcelo diz, e com razão, que não é autor de um poema só. De fato, os poemas dele são muitos, bons, geniais.
Mas sem delongas, como diria..., bom, ninguém usaria uma palavra dessas.
A insistência no poema não é oriunda (agora deu a peste!) de nenhuma espécie de predileção por autor, ou coisa que o valha, tivesse sido escrito por qualquer poeta eu adoraria, e se eu não gostasse do autor (não é o caso), e se detestasse tudo que fora escrito pelo poeta (menos ainda) conservaria todo o amor que tenho por esse poema e pelo seu personagem ambíguo, inviesado, visceral.
Este poema é o máximo que concebo quando penso em arte.
Arte, na minha cabeça, é uma realidade subjacente, uma realidade colorida, com coloração pessoal. Há os que prefiram o preto, ou o azul, outros o rosa. A arte é isso: imprimir à realidade um caráter pessoal, um valor que transforme o azul, que é só uma cor, em um azul superior. Um azul verdade.
Ao poema:

O ESCUDO O ELMO E A SOMBRA

Para Wellington


Ele fermenta a partir das uvas
Pretas, dos bagos pisados das
Uvas pretas

E dele eu me embriago
Não bebo como ensinou
Teofrasto, cortando o
Vinho em água, ou em
Carne antes degustada.

Não, eu me embriago
De verdade. Eu visto
A máscara que me
Distorce, e ela me
Cola ao rosto.

Eu fermento e me contorço,
A partir dos bagos pisados.

Eu sou o filho mau gerado,
Que bebo e copulo bebo e copulo
Bebo e copulo e bebo, sem fim,
Para compensar a falta de amor
Do ato que a mim
Me gerou

Eu sou o filho do estupro.

Eu sou o pária exilado em mim,
E tenho sede de amor.

Por isso bebo e copulo bebo
E copulo e bebo, e a máscara
Me cola ao rosto, compacta,
Sem alívio.

O meu caminho é cheio de
escolhos, o meu vigor e meu
amor próprio, sem o álcool,
são tais quais o movimento
ondulatório de um peixe morto
e o desejo sexual de um defunto.

Sem febre e fogo
Eu sou um dejeto.

Que se derrame, sobre mim,
Então, o vinho tinto ou o vinho
Branco, como o esperma se derrama
Sobre o óvulo que era infecundo no útero
Murcho, mas que inchou ao sofrer abuso.

Porque bebo, eu
Posso!

Porque bebo, agora
Vivo!

E parece de menos que eu prossiga
como um ébrio se assim existo,
ao menos.

Se não gosta disso,
Dê-me, então, uma
Escolha, ou um gole,
Dê-me um copo ou
Um colo onde eu
Me encolha,

Dê-me olhos que me tirem
O véu que nublou o mundo.

O mundo já tão nublado por
Bruma véu gaze febre e fome,
Por um cortinado em torno de um berço abandonado.

Dê-me um gole!
Somente mais um gole!
Eu estou aqui pra te dizer que
Estou aqui, cambaleando, mas
De pé.

Quisera eu nunca ter sido
Pra não te constranger na
hora do casamento.

Eu vim aqui pra te dizer
isso.
Eu vim aqui pra me casar
com você.

Salve-me de mim, se por acaso
Podes.

Eu já não sei o que fazer.
Tente me compreender
Quando insisto que, para
Mim e por mim mesmo,
Não encontro meios. Só
Por Cristo, e por você,
Talvez.

Eu vim aqui para dizer
Que não sei se posso,
Sóbrio.

Eu vim aqui para dizer
Que me assusta o ócio,
Ainda que eu nada saiba
Fazer.

Respeite o meu desejo
De silêncio, que reside
E dorme bem no meio
Do meu medo de ouvir
O silêncio entre os teus
Seios.

Eu vim aqui para dizer
Que estou aqui, ainda
Que pareça alheio,
Bárbaro, nômade.
Errante, estrangeiro.

E sou.

Mas quero te dar um lar
E dá-lo a mim.

E devo ser, talvez, mais
Do que esta máscara de bêbado, ainda que,
Quando a tire
De mim,
Eu nada
Me saiba.

Mas eu estou aqui,
Tremendo dentro de mim
Mesmo, essencialmente três:
Palavra, alma e

Máscara.

E eu vim aqui pra te entregar
Meu medo, junto com a aliança
Que perdi no caminho.

Esse medo expresso nos meus
olhos baços, que te parecem
lindos, que você acha lindos
quando eu não
bebo.

Mas ontem e hoje e sempre,
Que eu me lembre, eu bebi,
E copulei e bebi e copulei e
Bebi e copulei,

Para sentir uma nesga
Do amor que, talvez,
Esteja em
Ti.

Mas ontem te traí,
Devo dizer,
Aqui.

Por isso, releve a minha
Embriaguez, pois te confesso
Em público o erro, nessa centésima
Trigésima vez, nesta hora em que expresso
Todo meu arrependimento e minha fraqueza,
De joelhos.

Eu sou o mendigo,
Você a senhora
De meu destino.

Eu sou o exilado
Em toda terra que
Piso,

O bandido,
O arlequim,
O bandoleiro,

O trágico,
O palhaço.

Eu sou o outro filho de Dioniso,
O que implode em vez de disparar
Tiro.

Eu sou aquele que sofre e faz sofrer,
Sem encontrar gozo ou alívio.

Eu sou o pária expulso do corpo e do
Riso.

Eu sou o meu desgosto o teu desgosto
Aqui expresso, de joelhos, patético,
Farsesco, fraudulento, estrangeiro
Para ti para mim para os outros,
Em meu próprio casamento.

Eu me contorço e fermento,
Copulo e bebo e copulo e te
Traio e copulo e bebo, mas não me contento,
Nem me conforto.

Eu sou um outro de fora
Que veio habitar o dentro,
E não foi aceito.

Meu ponto fraco é inteiro
E eu mesmo sou pedaço.

O que eu seguro me escapa pelos
Dedos, como a aliança de casamento
Que eu perdi, a esmo, no caminho.
Porque nem sigo reto, porque me
Inclino sempre à direita, como um
Escritor que está ficando
Cego.

Eu sou um rosto a ser descoberto
Por tuas mãos, por teu beijo, por
Teu afeto.

Eu sou um ébrio que pareço um
encosto,

um mendigo que pareço pedir
teu sacrifício e tua falta de
sono pra me esperar
chegar enquanto
nunca amanhece,
quando o sol se
esquece de
acordar.

Eu te trago a dúvida

Eu faço dívidas.

Talvez seja essa a outra
coisa que te aterrorize
além da aliança que
deixei cair. Eu faço
dívidas, e você
não quer
dividir.

Em contrapartida,
Quando eu empresto, não
Me pagam. Eu sou tido por
Desonesto, quando sou fraco
E desonesto. Os dois. É mais
complexo. Eu sou o negativo do que pareço. Mas não sou
vingativo.

Eu não atiro, eu não machuco,
Eu não lincho, eu me desmancho
E cedo e choro, à beira da sarjeta
E do abismo, e prometo aos que
Passam o que não tenho.

E chamo amigos,
Porque os quero amigos,
Os que não
Conheço.

Eu conto história de um
Passado que eu invento,
Talvez pra parecer um outro,
Completamente outro, eu que
Sou sombra, elmo e
Escudo.

Eu que sou roto, quase
Afogado em álcool.

Eu não tenho critérios,
eu não tenho os meios,
Eu não sei ler os instrumentos
Aéreos para me sentir elevado quando bebo,
Para me sentir inspirado leve alado enlevado
Com o fogo que, em mim,
Fermenta.

Eu sou balão à deriva,
sem bússola, sem para
-quedas.

Eu sou o herói pára-raios
Sob a chuva, o filho frágil
Que não se sustenta,
Entregue à borrasca.

Eu sou lilás, mas nefasta,
Coberta com crosta negra,
Calcinada.

Eu ofereço espetáculo
Gratuito, quando tropeço
Na calçada, quando peço
Um troco ou
Um trago.

Eu estraguei a vida de muitos
E a minha própria.

Eu me dei a mim mesmo como
Oferta inóspita.

Cantam contam cantam a minha
História a minha ânsia a minha perda
No coro da tragédia
Grega.

Eu sou o que vaga entre os mortos, em
Vida.

Ainda assim, eu estou aqui para dizer
Que estou aqui mesmo, para dizer que
Sim e que te aceito, mesmo tendo
Perdido nossa aliança de
Casamento

Faça-me potável, não mais ébrio e
Sujo, faça-me querido, faça de mim
Sair um homem inteiro, o homem bom
Que possa estar embutido.

Faça-me sorver teu sim como um remédio,
E salva-me de mim mesmo,
E me dá abrigo.

Dê-me a carne e o pão, dê-me a tua carne
E me tire o vinho, pois não sei ser são sorvendo
Fogo não sei adoçar o fogo alisar o fogo acariciar
O fogo amansar o fogo que me dói por dentro.
Sopra, então, em mim o teu alento.
Mistura um pouco do teu vento
E do teu óleo bento no meu beijo
Azul noturno.

Eu sou um ébrio e eu me contorço
e fermento e existo como um escolho
como um obstáculo na vida dos que eu
escolho.

Abra o olho, meu amor. Ou melhor,
Feche os olhos pro meu beijo escuro.
Nem eu mesmo sei bem o que quero.

Eu sei o que não posso. Eu sei como me
Pareço: como novilho ou lobo preso no
Emaranhado espesso de arbustos com
Espinhos negros.

Eu me pareço assim, sozinho, mesmo
Com você.

E ainda que eu queira e teime e trema
E me exprema e me ajoelhe, sinto que
Você não poderá dar jeito nesse meu
Fundo vermelho sobre negro.

Eu sou complexo em mim mesmo,
Vermelho azul e negro. Nigérrimo.

Eu sou o pária dos párias,
Um cão mordendo um pedaço de
Madeira.

Então, não se case! Acorde!
Enterre-me ali mesmo, ou
Deixe-me à beira do abismo,
E não deixe de plantar por perto
Um cepo de videira!

E que todas as montanhas sejam minhas!

E que não haja mulher que me queira!

Vou-me embora a pé, andando em curvas,
Como cheguei. E te peço, por mais que te pareça
Estranho: não me procure mais, me esqueça!
Eu estarei chorando girassóis como sempre fiz,
Na sarjeta.

Você não me quer mais,
Porque não me quer
bêbado. Eu sinto.
Vejo nos teus olhos,
tens medo do vinho
e do absinto.

Você não pode comigo.
Não creio que jogue a corda no
Fim do poço sem fim sem cair junto.
Nem que possa tocar alcançar a dor
Que mora em mim como um filho
Dorme ao
Relento.

Você não pode comigo, para viver ou
Morrer comigo, de joelhos, com o punho
Fechado sobre o peito, rezando aos monstros
Do caos primeiro.
Não podes me acompanhar
Na noite de mim mesmo.
Eu não creio!

E cuspo aqui no chão, agora, em frente ao altar,
Para expressar meu desprezo por tua compaixão!
Pode você suportar um eclipse do sol com o olho aberto?

Duvido!

Deixo-te aqui! Cala-te! Para de chorar!

Pode você aplacar os poderes do inferno,
Sem se deixar fulminar?!

Eu sou o bago pisado da uva negra,
E o peso do pé que me pisou você
Não suporta,

Nem dividir minha ânsia, meu andar
-sem saber, meu frio que não encontra
Calor, meu calor que nunca amansa.

Duvido! Quem é você?! Pote de
Lágrimas e náuseas com presunção
De Madre Teresa, ou Nossa Senhora?!

É você divina ou metade divina, ou é
Metade vermelha verme e azul noturna,
Como eu sou inteiro?!

Você não pode seguir em paz com satanás
Do seu lado. Você não é santa, não me engana.
Não se faça de ingênua à cabeceira de minha cama.
Quando eu te conheci nem virgem mais era, nem fui
Eu que te fiz mulher! Como perdoar você, me diga?!
Como me perdoar por querer me casar com você?!

Só indo embora...

Eu devia estar bêbado quando te
Encontrei na noite virulenta sem luz e sem fogueira.
E eu já quase estava a me comprometer com você,
Com tuas ambivalências, com tua prepotência,
Com tua arrogância de imaginar poder salvar
Alguém. Teu lugar é o da pergunta, e não o de
Me dar respostas, cadela imunda e preguiçosa!

Eu sou teu rei, mesmo ébrio, porque te faço
Parecer sã e boa, quando o que tu sabes
Fazer mesmo e de melhor é dormir com os
Meus amigos e com os que me desprezam!
Então, diz pra mim, como amar a ti?!
Pedes muito a mim, que mude. Eu,
refugo de mim, desde a origem.

Minhas costas doem, meu estômago
Chora e enjoa, mas quer mais um gole.
Só mais um copo ou dois. Prove agora
Que me ama, saia daqui e me acompanhe!
Beba comigo, mesmo que seja só por mim!
Duvido, manequim de Madre Teresa!

Duvido que possas comigo, sempre em
Metamorfose, como Raul Seixas, sempre
Fora de mim e mutante para me sentir mais
Vivo! Você é frágil, tola, arrogante, jamais
teria sobrevivido ao fogo que eu bebo!
Eu conheço o vinho! Eu conheço o
Sofrimento!

Você conhece a mim e o arder sem fim
De um desejo inquieto?! Duvido!

Tenho pena de ti. Pena, não, tenho nojo
E desprezo por vocês dois, e de mim mesmo.
E você também tem nojo e medo de mim,
Não me negue, vejo no teu rosto!

Está aí exposto, na frente do padre e de
Todos! Não se ausente, não seja covarde
Como eu tenho sido, Antes que seja tarde!
Confronte-me! Confronte-se comigo!

Se me ama tanto assim, corra atrás de
Mim sem se desesperar! Não aceito
Mulher sem postura! Eu sou bêbado,
Mas tenho os meus critérios! E você não
Pode comigo, nem com o que eu sinto e
vejo. Você não pode suportar os cem cavalos
negros de São Tomás de Aquino
com seus cascos cinzentos, que cavalgam
sob o céu e sobre o vento, você não pode
com esse galope de cem cavalos coriscando
raIos, nem o sol negro, nem o
olho mau de Deus, nem tudo o que conheço,
sem sentar numa cadeira deitar-se numa cama
e pedir
arrego!

Você não aquenta o galope de cem cavalos
Irados sobre a cabeça! Então reconheça e se
Despeça. Vou-me embora! Eu que sou três:
Copo, palavra alada e alma. Eu que sou três,
Também: sombra, escudo e elmo.

E se me despir,
Será longe daqui.

Marcelo Novaes

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

NÃO GOSTO DE COVARDES

NÃO GOSTO DE COVARDES, DOS QUE SE QUEIMAM EM GELO, DOS QUE ACHAM ÓTIMO A MERDA QUE TEM, DE QUEM ESCONDE-SE DE SI, DOS MEDÍOCRES.
PREFIRO O FOGO, A FÚRIA, O JOGO, À FRIEZA DAS NOITES EM BOM TETO. PREFIRO O FURACÃO, O INCERTO DO LANÇAR-SE AO RIDÍCULO DO NÃO TENTAR POR RECEIO DO ERRO. ERRO, MAS COMO HOMEM, NÃO BUSCO SANTIDADE, NÃO CREIO EM SANTOS NEM PASTORES, NÃO GOSTO DE BANHO MORNO, NÃO TENHO MEDO DO INFERNO E ATÉ GOSTO DO INVERNO.
MAS GOSTO, E TANTO SE ME DÁ QUE ACREDITES OU NÃO, GOSTO, E COM UMA INTENSIDADE IMENSA, QUE NÃO PODE SER SENTIDA E POR ISSO E RECHAÇADA POR TODOS. SOU ATOR?
MENOS QUE OS QUE ACHAM QUE SOU.
QUE SE DANEM OS QUE PERTENCEM A GRUPOS, SEITAS RELIGIÕES, AUTARQUIAS, MÁFIAS, OU QUALQUER AGLOMERAÇÃO.
SOU EU, SOU ÚNICO, IMENSO E PEQUENO EM MIM, DEUS DE MIM MESMO, ABSOLUTO EM MINHA FRAGILIDADE.

SOU O VATE, MINHA COR?

ABACATE!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

XÔ SATANÁS!

Eu escrevo mal, ou melhor, não sou poeta. Marcelo Novaes escreve pra caralho, é injustiçado, eu não. Não sou idiota o suficiente para me achar poeta, sei de mim.
Apareceu um seguidor de blog aqui, nesse insípido blog, cujo nome é “antologia poética”. Fiquei lisonjeado, pensei: os poetas tem vida eterna, sim porque os que prestavam estão mortos (com exceção de Novaes). Pois bem, o título pretensioso como um doido que se diz Nero, me levou a poetas (?) ridículos. A esses peço: se mandem! Não gosto de porcaria.


À MIRSE:

Te amo, boba.

À MARCELO NOVAES:

Um abraço.

E SALVE O VASCO, O BLOG DO MOACY, A PROLOPA, A UMA PORRADA DE OUTRAS COISAS, QUE NÃO DIGO POR PREGUIÇA.

terça-feira, 15 de setembro de 2009







segunda-feira, 14 de setembro de 2009

KAROL OU CAROL?

ELA QUER CONHECER MEU FILHO, CONHECERÁ.

QUER VER FILME COMIGO, NA MINHA CASA, COMENDO PIPOCA, FAREMOS ISSO.

MINHA AMIGA, QUERIDA, DISSE-ME COISAS QUE JÁ OUVI, COISAS QUE EU ADORO OUVIR, E QUE QUASE ACREDITO.

FOI PAGA, MAS NÃO PARA O QUE FEZ.

PAGUEI, MAS NÃO PARA SENTIR O QUE SINTO.

GANHEI UMA AMIGA.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SOU ATOR

não finjo muito tempo, sou ator não mentiroso. E saiba a diferença, o primeiro pode chorar com o personagem que cria, o segundo não.


Há entre o ator e o mentiroso, uma abismo, um imenso divisor. O ator pode fazer-se de bêbado mesmo abstêmio, mas precisa conhecer os mecanismos do bêbado, seus sestros, sua impostação de voz, seu tombar. Mesmo o pior ator tem de já ter visto um bêbado para interpretar um.

O mentiroso não se guia por verdades (oh!) o ator sim, ainda que subjacentes, ainda que mentiras.

Sou ator, não sou mentiroso. Preciso de um resquício de verdade para formular minha mentira. Ou seja, preciso de um suporte à minha dor.

Sou ator e não minto quando te digo que fui à lua, ou quando choro, ou faço charme, ou choro contigo, ou dentro de ti suo e te digo coisas como brasas, ou ainda quando creio crer, e nesse processo chego a fé total, ou talvez descrença, ou o vazio.

Sou ator e não minto, e mais medo tenho disso do que se fora mentiroso, porque a mentira é prática, o palco não. E tenho em mim, sou ator, lembra? Personagens, vilões e heróis. Um que te comove de tão delicado, outro que joga, que quer ferir tudo. Um que só quer teu colo e tua música, outro que quer só estar só, em uma praça, em um bar, com mil putas, porque tem medo.

Nunca menti, interpreto. Prefiro o herói ao vilão, e entenda uma coisa, só uma, mais nada, o ator ama, o mentiroso não, o ator pode fazer só bons papéis, o mentiroso não, o ator precisa de um bom diretor.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

JESUS CRISTO

Do que já foi dito, pelos sábios, pelos burros, pelos grandes generais, pelos poetas e pelos práticos, por quem é místico ou pelos cartesianos, por blogueiros e gente normal, fica o ensinamento de Jesus Cristo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Se só tivesse vindo à terra dizer isso, se não tivesse feito milagres (ele fez, andou sobre o mar, fez cegos enxergarem…) bastaria para ser um momento de luz intensa.

 

O que faz essa frase um milagre, uma frase de um Deus, é sua condensação dos tempos, dos dogmas, do próprio Deus.

”EU SOU A VERDADE, O CAMINHO E A VIDA.”

JESUS CRISTO

Google

jesus06_1024

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

QUEM NÃO VIVE TEM MEDO DA MORTE

CHICO BUARQUE:

“De todas as maneiras
Que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

De todas as maneiras que há de amar
Já nos machucamos
Com todas as palavras feitas pra humilhar
Nos afagamos
Agora já passa da hora
Tá lindo lá fora
Larga a minha mão
Solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão”

WILLIAM SHAKESPEARE:


“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”


JESUS CRISTO:


“QUEM NÃO SE JUNTA COMIGO, ESPALHA”



MEFISTÓFELIS, SATANÁS, CÃO, DIABO, CAPETA, COISA RUIM..., NO LIVRO DE GOETHE:



“AQUILO QUE AOS SENTIDOS PRAZ, EM UMA HORA MAIS DESFRUTARÁS QUE EM TODA A VIDA”


Guimarães Rosa:

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.




WELLINGTON GUIMARÃES:*

“QUEM TEM MEDO DE CAGAR, CHUPE SORVETE.”



• A frase não é minha. É corrente aqui no nordeste, achei apropriada ao quero dizer.