No dia em que faço 34 anos me assombro com isso. Minha aparência é de muito menos, uns dois anos eu diria, mas cheguei aos 34º ano de vida, e considero um feito. Sim, e em que isso é um feito?
Bom, não chega a ser um feito os 34 anos, mas sim a maneira como os vivi. Bela resposta!
Que maneira?
Essa coisa de criar um interlocutor interior, que pergunta mais que o cão, vai bem em machado de Assis, embora eu ache a comparação despropositada...
Respondendo ao diabo machadiano: nunca matei!
Mozart, Shakespeare, Rimbaud, Noel rosa Newton, Albert Ainstein,com menos de 34 anos já haviam construído o pedestal deles e nunca, pelo que sei, mataram ninguém.
Eu revido, digo ao aborrecido diabo machadiano: todos os de tua lista, querido, ou por outra, horrendo ser, foram anormais, não podem ser padrão. Ok?
Cão é cão, e ele insiste: -então teu padrão é a mediocridade?
Então passo a questioná-lo, viro o cão do cão, digo-lhe: então falemos dos maiores, ou de um só, do que precisou de menos de minha idade para ser o maior, esse venceu tudo, inclusive você, propositor da dúvida. Paro aqui com isso.
Jesus cristo, é desse que quero falar, sem reservas, sem brincadeiras, sem querer ser intelectual, quero falar dele sim, muito, e de joelhos dobrados, com lágrimas nos olhos, sem reserva alguma. E farei uma prece a ele no meu aniversário. É esta:
Pelas vezes em que eu duvidar, piedade!
Quando usar de maldade com alguém, reconheça o erro, me arrependa e tente consertá-lo.
Que minha arrogância se contenha, minha inconstância seja transformada em constante, mas constante calma, para ver o que me revelas e eu não vi ou não quis ver até aqui.
Tende piedade de mim, por que o que me foi dito bom, e muitas vezes era, não me impediu de chorar, não me fez melhor, nem me deu paz.
Venho a ti porque o que não foi contigo não foi meu, só me passou pelos sentidos, e não resta mais o que me aprazia e eu sei que nem o que eu pudesse ter de volta me aprazeria mais.
Perdoa-me pelas queixas sobre minha vida, porque, cego, reclamo de minha doença, de meus sofreres, mas não me detenho no sofrer alheio, no sofrer do outro, que tendo muito mais méritos que eu, sofre uma dor maior, e não reclama, e se compraz na dor, não por conformismo, mas por otimismo, por esperar em ti.
peço desculpas a quem magoei, e tento me retratar com eles.
No dia em que completo 34 anos, me sinto feliz, e agrado a deus por mais um ano, peço que não Seja o último, porque quero fazer e ver algumas cositas, quais sejam: meu filho grande, meu filho bem e minha cura. Porque vou ficar bom, vou ficar curado, só de raiva, de pirraça, e nesse dia, no dia em que eu puder olhar no olho do meu filho e dizer: eu não disse a você?
Ele nunca me cobrou nada, para ele não há doença, mas ainda assim quero lhe dizer o de acima. Olhar no olho dele, antes azul, agora verde, olhar bem fundo, dentro da alma, antes da íris, onde o olho vira coração, e dizer: estou bom, estou curado.
Isso vai acontecer, não sei quando, e até lá vou piorar, vai doer mais um pouco. Mas quem sofre com Cristo, sofre com um sofrer esperançoso, um não sofrer, uma alegria na dor.
Vou olhar para o meu filho, abraçá-lo, beijá-lo, e nesse dia, digo sem medo, sem dúvida, nesse dia, pode ser encerrado os meus dias aqui, porque estarei realizado, um dia, só um dia, com a certeza de ter vencido, de ter tocado o coração de Cristo, de ter vencido, com a missão cumprida.
Meus ídolos erram, morrem, suam, meus ídolos são fracos, bobos. Jesus não é meu ídolo, Jesus é meu apelo, meu desespero, minha lágrima, meu nervo, MEU SALVADOR.