quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

BUTOH

BUTOH


MARCELO NOVAES




Puxa o caixão,
segura uma das alças
do caixão do teu pai,
com a cara branca
esbranquiçada.




Não pode haver
resmungo, quando
lhe cobre um uivo
mudo, gelado.




Um uivo surdo que
só se ouve tocando
o branco do rosto,
com dedos do
afeto.




Pra se ouvir esse uivo
que uiva pra dentro,
há de se fazer uma
antologia do
sentimento.




É só pra isso que
existem olhos e
ouvidos.




Pra se ver o rosto
branco, de quem
carrega o caixão
paterno.




Ou para assistir
Kazuo Ono, no teatro,
no primeiro assento.

3 comentários:

Moacy Cirne disse...

Meu caro, você realmente gosta um bocado do Marcelo Novaes, no que faz muito bem; ele é um poeta que merece o nosso respeito. De resto, pode postar a parte da'A Bíblia por mim reescrita que lhe parecer mais interessante. Mas se prepare: poderemos ser excomungados pela Santa Igreja (que de santa, a rigor, nunca teve nada).
Um grande abraço.

Moacy Cirne disse...

Pode dispor da Bíblia, Irmão. Que o Senhor das Alturas esteja covosco, Aleluia!

Unknown disse...

Butoh!!!!!

Esta é apenas uma das obras primas de Marcelo!
Uma das mais lindas!

Obrigada por compartilhar conosco!

Parabéns pelo bom gosto!

Beijos

Mirze