sábado, 30 de maio de 2009

HOMEM COM "H"




Eu, quando criança, imitava Ney Matogrosso. Adorava-o.

E não vou falar de minha conhecida, lendária e secular masculinidade. Eu adoro Ney ainda hoje. Pela música, pela dança, por sua bichice. Não gosto de homens que querem ser mais homens que são.

Tem uma porrada de homens que acho bonitos, alguns lindos. Nunca me deitaria com um homem, porque para mim homem é tão desinteressante para meu tato quanto um lacraia. Os únicos homens que tenho prazer em dar um beijo, são meu e meu filho.

Se os homens fossem mais carinhosos uns com os outros, não haveria tanta merda. Quem inventa guerras são essas bichinhas travadinhas, mal resolvidas. Eu não. Adoro Ney, desde pequeno, e adoro alguns homens, homens são ótimos, mulheres idem. Mas tem coisas que só faço com homens (discutir futebol, contar piadas) e outras só com mulheres, mas isso não quero contar, mas é bem melhor que jogar futebol e contar piadas.

Hoje, começa o são joão em Caruaru. quem foi a frança, conhece o mundo, é brasileiro, pode vir aqui e não vem nesse período, não sabe o erro que comete.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

RESPEITO

DEVE-SE, TENDE-SE, HÁ DE SE, RESPEITAR TODO MUNDO, EM TODO LUGAR, EM TODA CIRCUNSTÂNCIA, EM TODO O TEMPO.
RESPEITO.
ESSA É A PALAVRA, ESSE É O SENTIDO REAL DAS COISAS. E OLHA, SEMPRE QUE QUIS ME SOBRESSAIR, QUE QUIS ME IMPOR, QUE RI DE ALGO DEFENDIDO POR ALGUÉM, QUE RIDICULARIZEI UMA POSIÇÃO TOMADA A RESPEITO DE QUALQUER COISA QUE NÃO FOSSE MÁ POR SÍ MESMA, QUE FOSSE OPINIÃO SÓ, SEJA RELIGIOSA, SEXUAL OU POLÍTICA, ME TORNEI UM GRANDE BABACA.
"ACHAR" É LINDO, É O QUE NOS FAZ GRANDES, MATAMOS, MENTIMOS, ESTUPRAMOS, MAS "ACHAMOS" E ISSO VALE POR MUITO MAIS QUE SUPONHAMOS.
RELIGIOSOS, SOCIALISTAS, VEADOS, FLAMENGUISTAS, ATEUS, CREUS, FÂS DE AMADO BATISTA, APRESENTADOR DE PROGRAMAS DE TV, CAPITALISTAS, ENFIM, A TODOS OS QUE CRÊEM EM ALGO QUE ME FOGE A PERCEPÇÃO DE FAZER SENTIDO, UM ABRAÇO, E MINHAS DESCULPAS.
MOACY CIRNE, UM CARA QUE PERDE TEMPO DEBATENDO CINEMA COMIGO, UM SER QUE ASSISTE UM FILME A CADA MEIO SÉCULO (E OLHE QUE SÓ TENHO 33 ANOS), VAI MEU ABRAÇO, COMO NA MÚSICA DO MACIEL MELO, ELE É SOCIALISTA, EU O ADMIRO, MAS ESTENDO O ABRAÇO A TODOS OS SOCIALISTAS QUE NÃO ADMIRO.
AOS RELIGIOSOS, DE QUALQUER CRENÇA, DE QUALQUER VISÃO DE DEUS, SEGUIDORES DE UM DEUS BOM, VAI UM ABRAÇO.
AS MULHERES, AOS VEADOS (SEM VIAIDICE, CLARO), A MUITOS OUTROS, TODOS, E TANTOS QUANTOS, SUAS OPINIÕES SEJAM SINCERAS E NÃO PREJUDIQUEM O SEU IRMÃO.
ENTÃO DEIXO UM POEMA DE JOÃO CABRAL, DEDICO À MOACY (CABRAL AUTORIZA).
O POEMA SE CHAMA "O NÚMERO QUATRO", E NÃO TEM RIGOROSAMENTE NADA A VER COM O QUE ESCREVI ACIMA, MAS JUÍZO NUNCA FOI MEU FORTE.
BEIJOS PARA MIRSE, QUE AMOU O POEMA, E É AMADA POR MIM.
BEIJOS PARA YARA, YARETE, FOFURETE. PARA ELAINE JACKIELLE, E SIDERLI, AMBAS ENFERMEIRAS, AMBAS QUERIDAS.



O Número Quatro !!


O número quatro feito coisa
ou a coisa pelo quatro quadrado.
seja espaço , quadrúpede, mesa.
está racional em suas patas.
está plantada , à margem e acima
de tudo o que tentar abalá-la ,
imóvel ao vento , terremotos .
no mar maré ou no mar ressaca .
Sò o tempo que ama o ímpar instável
pode contra essa coisa ao passá-la :maas a roda ,
criatura do tempo .
é uma coisa em quatro , desgastada .


João Cabral de Melo Neto

domingo, 10 de maio de 2009

SUBLITERATICE LEVIANA.





Para Novaes é o Rosa, para todo mundo: Machado. Para mim é o Nelson.
Meu critério não é técnico, nem poderia, fui péssimo aluno, conheço a língua “de ouvido”, como disse, salvo engano, o Cony. Aliás, esse negócio de “salve engano”, é uma picaretagem lingüística, de doer. Significa, quem escreve dizer: estou certo mesmo errando, porque avisei que podia estar errado.mas , voltando aos meus critérios, digo que são o de reação emotiva. Reação de quanto aquele texto foi poético, dramático, ou pela verdade que atribuo ele.
O rosa me deslumbrou desde o começo, pela linguagem, tal qual ao mais erudito dos eruditos. Porque a única diferença entre um técnico das linguagens, e uma cara que leu o rosa, e só e tão somente, a capacidade de nomear as firulas lingüísticas.
O rosa tem o “ grande sertão:veredas” como seu livro máximo, e de fato é, mas “a terceira margem do rio”está para o rosa, como notas do subsolo ou subterrâneo está para Dostoievski. A terceira margem é um conto, que é poesia pura. A começar pelo título.
Marcelo acha Guimarães rosa, o maioral, eu não. Para mim, ele foi um gênio pela capacidade imensa que tinha no aprendizado de idiomas, sejam quais fossem. Podia aprender um idioma que não tinha a menor intimidade, em semanas. Fala mais idiomas que o que pretendia o pessoal da torre de babel. Então a capacidade de disciplinar-se, aliada a facilidade de desvendar línguas, criar outras, ou melhor recriar a mesma, fazendo do mesmo um outro. Dava-lhe uma vantagem. Enorme vantagem.
Machado de Assis, escreveu melhor que todo mundo, com muito mais talento, com muito mais capacidade para a escrita, com muito mais recursos criativos que os outros. Se for pelo critério estritamente literário, ele arrasaria o Nelson, tem mil vezes mais estilo que o rosa, e está à galáxias dos outros todos.
Machado, é sempre comparado com um grande romancista europeu, um grande esteta sofisticado demais para o Brasil, um psicólogo com mentalidade cosmopolita. O que é, errado, mas não só para ele, para todos. Eu não conheço uma grande obra, uma só, umazinha, cujo foco seja questões universais relevantes, até pela razão de que questões relevantes são sempre as nossas, não existe um consenso sequer dos males universais, que dirá solução para eles(alguém dirá: são os remédios! Os remédios tiraram o pouco juízo dele).
Memórias póstumas de Brás cubas, é um livro absolutamente genial, Quincas Borba é melhor que ele. Dom casmurro, é inferior ao dois, mas os três estão no nível de qualquer romance universal. Mas há muita coisa em machado que é superficial, externa, preocupada com a palavra, com a frase, em bem dizer a frase, coisa que faz mais sentido no rosa, porque era para isso que ele escrevia. Machado queria ser um psicólogo, mas com pretensões, legítimas, por ser um gênio, de ser um refinadísimo, estilista . saiu-se bem melhor como estilista, embora seja ótimo psicólogo.
Mas se a comparação for com Dostoievski, ele perde feio. Porque este sim foi um psicólogo superior ao que veio a ser chamada ulteriormente de psicologia. E um escritor sem uma preocupação aparente com o estilo, mas que obteve um resultado final superior a machado. Daí se dizer que Dostoievski era derramado demais, brega mesmo. E sempre se cita a passagem do livro “crime e castigo”, em que raskolnikov beija os pés de Sônia e solta a frase: “não beijei teus pés, beijei o sofrimento humano.” como sendo uma coisa brega. Uma burrice sem fim, que todo mundo parece aderir, ao confundir sentimentos, ou representações dele, com breguice, que é a banalização e a vulgarização do sentimento.
Machado era gênio. Mas Nelson era maior.
Nelson Rodrigues foi superior, porque era gênio em estado bruto, diamante sem lapidar. O raciocino dele era devastador. Suas frases eram geniais. Outro dia, um idiota da veja disse que ele era um grande frasista. O que é isso?
Nada. É apenas a tentativa de um babaca em querer diminuir um grande.
Mas o que me faz afirmar que Nelson foi o melhor dos três, é o fato de que nem o rosa, nem machado, sofreram qualquer tipo de retaliação por parte dos leitores. Nelson foi perseguido pela esquerda e pela direita. Por protestantes e católicos, por todo mundo. E convenhamos, quando esse pólos se unem para pichar uma pessoa, é porque ela é no mínimo ameaçadora à projetos imbecilizantes, de manipulação de massa.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

VAZIO


Eu choro por um poema de um poeta
Mineral.
Eu riu um riso torto, quase que tosse.
Mal.
Eu grito o mesmo grito, o mesmo gesto,
No carnaval.
Embolo que não me posso, que nem contenho, que me disperso, que me espalho, que me diluo, e mais condenso, e mais refino, e mais refuto, e mais amputo de mim o caos.

Reveses são só reveses,

mesmo que firam,

mesmo que doam,

já tive tantos, e tão mais fortes,

e tão mais lentos,

que fazem dores mais doídas

porque demoradas,

e quando mais demora,

seja dor, fila ou parto,

causa um estagnar-se,

um ficar ao Leo ,

ficar-se ao vento,

despregar-se e desprender-se de si mesmo,

como o pássaro do cão sem plumas,

que finca suas raízes no ar.

Saber perder não é ser filósofo,

não é ser sábio, não é ser anjo,

ou que de bom se possa atribuir a essa sabedoria.

Mas antes é como o craque que sai de cena,

na hora certa,

ou o que deixa um protesto contra sua saída,

ou o que ao sair deixa espaço

por saber que não pode ser preenchido,

então não deixa espaço, deixa vazios.

Que faz o vazio ser ainda mais cruel

porque não há como encher,

nem inundar, nem tirar.

Um vazio tão vazio que traz outros vazios dentro.

domingo, 3 de maio de 2009

MARCELO NOVAES




VOU  TE DAR TRÊS CHANCES. ESSA É A PRIMEIRA. 
EU NÃO PRECISARIA MAIS QUE ESSA, MAS VOU TE DAR MAIS DUAS.
LEIA ESTE POEMA E VEJA O QUE ACHA.
SÃO DE AUTORIA  DE MARCELO NOVAES.


VELUDO AZUL







Você amava e defendia

as cores contra o cinza.



[Era seu modo de amar

o amor e me amar ainda].



Você defendia os gritos das
crianças e os trajetos
 dos
automóveis 
[com música
alta,
 em direção às praias
longínquas].



[Era seu modo de amar

o amor e amar a escolha].



[Você amava e defendia
as cores contra a única
cor].



Você preferia e amava

o gol-feito-por-acidente,
preservando o jogo de
seu parâmetro [e de 
sua
 regra mais 
evidente].




Tua defesa do amor
é visível e nunca foi
cega.



É como a defesa do pintor
de certas cenas a óleo ou 
aquarela, 



de um alce que corre de um
jeito estranho [pelas savanas],



dos tigres rugindo [nas selvas
espessas, africanas],




você era a defensora da crua
natureza contra a destreza da
cultura.




Por isso eu te amava [e te amo]

como se ama um par de asas

se abrindo [se despedindo] ao 
lugar-sem-som [veludo azul 
marinho].



VOU  TE DAR TRÊS CHANCES. ESSA É A PRIMEIRA. 
EU NÃO PRECISARIA MAIS QUE ESSA, MAS VO UTE DAR MAIS DUAS.
LEIA ESTE POEMA E VEJA O QUE ACHA.













AI VAI A SEGUNDA:




Fio na ponta de mil braços




Olhei fixo pro sol.



Decidi traçar um
percurso horizontal,
sobre minha terra
natal.




Procurei por régua e
esquadro, por alguma
referência no espaço,
pontos fixos no céu
e alguma coisa em
torno.



Eu precisava de um
fio.



Precisei de um fio, precisava
de um fio e de fé, um fio-de
-confiança, confiei em Frei
Galvão em Frei Damião em
Frei Antônio, segurei o fio
que um dos três me sugeriu,
- segurei em segurança,
como que preso a uma
estrela, qual fosse eu 
mago rei em minha
própria trajetória.



E o meu ver passou a ser,
aos poucos, um eleger de
onde colocar meu olho,
e pra onde arrastar
meus pés.



E de como seguir
sem ficar louco.



E de como permanecer
de pé, segurando o fio
sem ver.



Enfim, eu podia ver e seguir
o pássaro do frio, mas não o fio,
e eleger onde colocar meu ver e
pra onde arrastar meus
pés. Eu podia escolher.



E o meu ver passou a ser
marcado por manhãs cindidas
dentro de um só amanhecer,
passou a ser uma condição de
matizes destacados de luzes e
sons, claridades e gritos,
pleitos e preitos de
gratidão, 



aglutinações e focos
afetivos.



Esse era esse foi meu ver
-sem-ver ligado ao fio-da
fé que salva do abismo, da 
ânsia extrema e sempre
ânsia pelo horizontal
infinito,




que finda, enfim,
de querer mais e outra coisa,
e sempre a maior metade, e 
outra coisa a mais, e mais
outra, e a infinita
variedade.



O fio me segurava e eu me
fiava por saber-me sempre
em trânsito, longe de casa.
Mas compelido ao chão.



A princípio, ofendido, rejeitado,
mas sempre compelido ao chão,
enquanto não criasse
asas. Sempre, por
enquanto.



Devolvido aos pés e ao frio
piso de granito, em definido
e finito
trajeto.




Sem ficar assustado
com isso.



Pois eu tinha o fio,
eu podia seguir o fio sem ver.
Eu podia ver e seguir o pássaro
do frio e eleger onde colocar meu
olho e meu ver, e pra onde arrastar
meus pés.



Eu podia escolher.



E o meu ver passou a ser marcado
por manhãs noites e trovões,
matizes de luzes e sons,
claridades e gritos,
aglutinações e focos
afetivos.



E eu rezei muito.




Rezei como quem
escapa de um quadro
de Hieronymus Bosch
até um bosque sagrado,
curando-me do susto e do
enfado de estar no mundo
girando em
círculos.



E eu segurei o fio como quem
segura um rosário indiano,
qual fosse eu um monge
indiano,



e fosse o rosário a réplica
do fio que eu sempre
segurara,




o fio transparente que eu não
largava e não enxergava,
mas que me segurava
que me vinculava ao
céu.



E eu segurei o fio transparente fio
como o monge indiano segura o
japa mala, o rosário indiano,
recitando mantras enquanto
eu recitava meus versos
brancos,




e meu olho procurava por
nesgas e poças de
beleza por detrás
das pedras, além
das pedras, no
seio mesmo
das perdas.



E eu era como a gota
d'água presa pela
boca,



como o peixe morde
a isca lançada por
Cristo e por seus
amigos.



O Amor compassivo de mil 
braços - e um olho em cada 
palma-, me alcançou, e eu 
fui fisgado.





NÃO FOI FISGADO?
AI VAI A ÚLTIMA CHANCE.



Ao Maldito-Eleito














Sabe o que é ser Proscrito?!

Eu abro agora uma Fenda entre
teu pé e meu Olho. Intransponível.
E te alijo para longe de minha Bênção
e deste Alívio que experimentam os
que conhecem, de Mim, a Branda
Voz e o Infindo Alento.




A Bênção, só assinalo pra que 

Conheças, a fundo, o seu Oposto.
Esse é o Bocado que, para ti, Escolho.
Que saias de minha Orla, como Adão
Expulso, como Ashaver, como Onan,
como Salomé, como Lilith e Outros
Parvos.




Não são parcos os meus Recursos.

Movo Céus e Terras e cuspo Raios.
Sim, sei que te dei um monte de
Brinquedos, e que Deles fazes Mal
Uso. Já estava previsto em meu
Propósito, desde o Início. Já
Sabia de teu Barro, de teu 
Apego aos Vícios. [Trinta
Mil e Quinhentos, pelos
Cálculos de Meus Bons
Anjos. Os Maus que te
Persigam]. 




Segue, pois, em Paz, como
Estes que te Antecederam nesse
Meu Discurso Breve e Preclaro. 
Claro que ainda não morreram: 
seria Castigo muito Singelo. 




Vivem a esmo, ignorando, 
do mais Fundo, os Reais 
Perigos. Mas, dentre os
Tantos Anjos Maus, os
esperam Bons Amigos.

E AGORA?