quarta-feira, 13 de agosto de 2008

MAIS JOÃO.


ADEMIR DA GUIA


JOÃO CABRAL DE MELO NETO


Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.


Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o


Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.

4 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Mais um belíssimo poema.

Vi muita arte de vanguarda boa, de fato. Muita arte de vanguarda que seria uma boa mistura de música e projeção engenhosa de gestos coresgráficos, uma arte plástico-visual. A palavra, no caso, era irrelevante, era ruído. Havia muitos poetas concretistas, cubistas, defensores que o meio virtual seja explorado em suas múltiplas possibilidades, tornando a palavra um dos elementos do "pacote de sentidos", e chamam um blog que mimetize o papel, com um texto e ilustração, como uma "sub-utilização do meio". Pois bem, que seja. Mas há lugar para a palavra, tão cheia de sentidos e tão múltipla em si mesma. Eu disse que, como um "trovador medieval perdido num mundo tecnológico, me bastava usar o blog como usaria um papel". Perguntaram se essa assim-chamada Renascença ( por teóricos da comunicação ) produziria Cervantes, Montaignes, Sheakespares. Eu disse que já estava mais do que bom produzir algumas dezenas de Osman Lins, Hilda Hilsts, Marcus Acciolys. É isso. Esse texto basta em sua conservadora fidelidade à palavra, sem mais adornos. Se bem que, reconheço, há quem saiba fazê-los bem, usar o "pacote" multimídia para uma explicitação de camadas de significado-imagens. Vi grandes autores multimidiáticos, e discussões de alto nível. E produção de alto nível. Ganhei oito livros autografados, e autografei dezenove. Amanhã se fecha o ciclo. João Cabral é grande. Disse que minha prosa poética é uma oitava ou duas abaixo dos melhores: Hilda, Accioly, e me olharam com suspeita. Disse: confiram e me chamem de falastrão na frente de todos, ou admitam. Aceitem. Ou rezem de joelhos...



Um grande abraço,




Marcelo Novaes

Unknown disse...

O Cara que não reconhece, Wellington, pelo menos deveria reconhecer que é imbecil! Mas .....eis a questão.
Beijos
Mirze

Marcelo Novaes disse...

Tem minha crônica bem humorada lá no blog, fazendo um balanço das questões menos bem colocadas por alguns debatedores. Mas ressalto a qualidade de pelo menos uma dúzia e meia dos presentes. E digo as pessoas que chegaram até mim com afabilidade, acessibilidade, simpatia, pediram meu livro para dar a outros escritoes. Inclusive editores chefes de boas revistas digitais: Agulha, Confraria dos Ventos, Verbo 21 e o Portal Cronópios. Há ( como houve ) bons autores presentes em tal evento, bem como críticos de qualidade.

Ressalto isso. Depois mencionarei nominalmente alguns deles. Encontrei figuras bem pensantes. E mesmo belos autores que fazem um trabalho super distante do que eu faço, mas inquestionavelmente bom. André Vallias é um desses. Trabalha na linha dos irmãos Campos, fez site para Gil e para vários ( linguagem gráfica e poética), sendo pioneiro nessa área entre os brasileiros, e tem textos e apresentações performáticas de excelente qualidade. Sei aplaudir ( e com entusiasmo) o que também é bem diverso.




Abraços,



Marcelo.

Unknown disse...

Que beleza esse poema do João Cabral!!!! Entrei aqui para lhe responder sobre o Marcelo, e só agora, milênios depois fui ler o poema. Porque você guarda essas pérolas? Divida-as mais com os pobres mortais como eu.
MARAVILHOSO! Mas era de grandes poemas. Vai me dizer que está com o resto na manga?

Obrigada Wellington. Já copiei.
Muito bonito MESMO!

Beijos

Mirze