quarta-feira, 26 de agosto de 2009

SOU COVARDE.

Pitocudo é vascaíno. Isso ele não pôde escolher, eu lhe obriguei. Tenho comigo que ele pode ser o que quiser pela vida(dentro da lei, lógico) o que ele for eu aceito. Respeito cada escolha dele, mesmo as que eu julgar erradas, mas time não, isso não é permitido a ele. Mas como disse, ele é vascaíno, com tudo de bom que isso pode ser.
“O vasco é o time da virada, o vasco é o time do amor”

O Vasco tem quatro títulos brasileiros, três sul-americanos, mais de vinte cariocas, rio-são paulo, o diabo. Poderia se gabar, se vangloriar. Não o vasco não quer ser o melhor, o vasco pe o time do amor. Isso é lindo, isso faz a glória vascaína.
O vasco caiu, está onde não lhe cabe, está na segunda divisão. Nunca havia caído, caiu. A torcida vascaína viu o time cair, eu vi, doeu, muito. O vasco lidera a segunda divisão, subirá, isso é fato. Os vascaínos dão e deram apoio ao vasco. Sábado passado eu fiquei entre alegre e abobalhado, mas sobretudo maravilhado. O causo eu conto como o causo foi.

O machão da gama colocou quase 80 000 pessoas para assistí-lo, não decepcionou, detonou o adversário, o ipatinga. Tudo bem, o ipatinga não é nenhum real madrid; mas que fosse, vendo aquilo, um time na segunda divisão, colocar 80 000 rebaixados para gritar que o vasco é o time da virada. Isso assusta.





Disse “assusta”, vamos ao que me assustou em minha sala. De frente da tv estávamos eu, pitocudo e meu sobrinho. Fico calado, meu sobrinha fala, e pitocudo se mete a toda hora com seus comentários impertinentes. De repente olho pra ele, fico estupidificado, a camisa que ele está é uma camisa do vasco antiquíssima, que foi de meu pai, foi minha, agora é dele, e na camisa está escrito: pequenos vascaínos. Era de uma torcida organizada do vasco.
Quando eu morava no rio, tivemos altos e baixos financeiros, meu pai esteve bem, morávamos bem, no tempo do meio, quando meu pai chegou foi para uma favela, onde nasci, depois comprou uma apartamento, teve de vender, fomos para a travessa laurinda, onde percebi que duas coisas.
Uma: eu sou um desastre em qualquer jogo, de azar ou de criança. A outra: eu amo de maneira exagerada e tenho um imenso medo de ver quem amo morto.

O tempo nunca me levou ninguém que eu amasse, nunca fui submetido a isso. Não sei sofrer, sou covarde.
As vezes, menino que sou, fico com raiva dos que amo porque roçam a morte em sua fímbria (cabral de melo neto) , e peço, peço não, exijo:
Não morram, senão vou ficar de mal.
NINGUÉM QUE EU AMO VAI MORRER!
NUNCA!
NÃO DENTRO DE MIM.

3 comentários:

Unknown disse...

Mais uma bela homenagem ao Vasco!

Ressalvo que Pitocudo tem o direito de escolha, no caso, como admirador do pai, seguiu o time que o pai torce, grita, admira!

Esse garoto vai longe!

Quanto à dizer que é covarde, não concordo. Antes de afirmar o que se é numa situação, há de passar pela prova.

Graças a Deus que ainda não passou, mas quando ou se vier a pasar, estarei viva para ver a fortaleza que surgirá nesse ser humano maravilhoso que você é!

Linda sua postagem!

Parabéns, Amigo!

Beijos

Mirse

YaRa disse...

Lindo como sempre...amoroso como sempre...as vezes me pergunto de quantas tantas formas você ainda será capaz de traduzir o amor... me surpreendo me alegro... me emociono....e me penalizo das minhas ausencias... me orgulho de você e você sabe....sinto sua falta....mas quando te leio assim...na singularidade e especialidade do texto... sinto que encontro mais você que na minha saudade.....

YaRa disse...

into saudades imensas de você...lí agora um poema de Fernando Pessoa que me fez lembrar você...não sei porque mas coloca-lo-ei aqui....

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa