segunda-feira, 15 de setembro de 2008

YARA








EU A CHAMO CRIANÇA, ELA NÃO É.
ABESTALHADA MENOS AINDA.
DISSE A ELA QUE SABIA A ORIGEM DO NOME DE SUA CIDADE.
ELA ACREDITA AINDA QUE O MUNDO PRESTA.
ISSO É BONITO NELA.

ELA É BONITA, NÃO GOSTA DE APLICAR INJEÇÕES EM BICHOS.
GOSTOU, ASSIM COMO EU, DO HOMEM QUE COPULA E BEBE, BEBE E COPULA.
MORA NO INTERIOR DO INTERIOR DAQUI.
MORA NO INTERIOR DO INTERIOR DE MIM.

TEM SEUS DEFEITOS E SÃO GRAVES, COMO QUALQUER DEFEITO.
LEU O BARDO (LEU MESMO!) E AINDA ASSIM ACHA QUE EU ESCREVO BEM.
ELA FOI-ME APRESENTADA POR UMA CACHORRA.
E EU IDOLATRO A TAL CACHORRA.

FALA COM UM IRRITANTE SOTAQUE CARIOCA.
É CAPAZ DE FAZER VERSOS RUINS E OUTROS BONS.
É ORIGINAL.
QUANDO A CONHECI PENSEI: FALSA!
MEIA HORA DE CONVERSA, PENSEI: GENTE !


ANDAMOS DE TAXI AS 5 HORAS DA MANHÃ, PORQUE ELA QUERIA SALVAR A CACHORRA.
ELA TEMIA PELA VIRALATA, E EU ADMIREI ISSO.
ELA É BOA E FAZ BOM QUEM LHE ESTÁ PERTO.
ME PAROU NA FESTA, CONSTRANGIDA E DISSE: DESCULPE, É VOCÊ QUE É WELLINGTON?

A CARA DELA NÃO CONDIZ COM A SUA INTELIGÊNCIA, TEM CARA DE PATETA, UMA LINDA PATETA, MAS UM SER DISTRAÍDO, COMO ALHEIO AS MISÉRIAS DO MUNDO, NÃO POR INSENSÍVEL, MAS PORQUE O MUNDO PARA ELA NÃO É FEIO.
PEDI A ELA QUE NÃO MUDE. ELA NÃO VAI MUDAR, NÃO PORQUE PEDI, MAS SIM PORQUE ELA É IGUAL A UMA COISA QUE É BELA, NÃO POR PROCURAR SER, MAS POR QUE É MESMO, E HONESTA NÃO POR OBRIGAÇÃO, MAS POR NÃO VER DE OUTRO JEITO, É AMIGA E CARINHOSA, E NÃO MORREU NA BOCA DE UM LEÃO.

3 comentários:

YaRa disse...

Meu amigo querido e filosofo predileto, me deixas mais uma vez sem palavras e agora também com os olhos afogados...Sei que certamente irás me repreender pelo que direi... mas você hoje me lembrou Cabral...teu tão admirado João Cabral de Melo Neto e me sinto honrada ao extremo de ser tua inspiração... mas muito mais que isso me sinto embriagada na emoção deste poema que é de verdade pela sua verdade... pelo que ele tem de mais verdadeiro...dos pequenos instantes que nos fazem ser o que somos... amar como amamos... meu amigo eu AMO você!!!

Anônimo disse...

Wellington! Que maravilha! Poema lindo, limpo, puro como o seu coração. Ainda bem que resolvi, em Lampejo, olhar para ver se tinha algo novo na sua casinha. Quando li o começo, tem cara de pateta e teme pelos bichos, pensei que estavas a falar de mim. Não tenho bichos, porque sou incapaz de ve-los sofrer. Nem colírio consigo colocar num gatinho. Mas depois, com o desenrolar da leitura, e absorção globaal do texto, fiquei maravilhada com a sua sensibilidade que se esconde numa casca de noz.

Parabéns, amigo!!!
Yara quando leu, o comparou a João Cabral.
Eu, quando li, o comparei à Marcelo Novaes.
Em suma, estou diante de outro gênio!

Um grande abraço.
Parabéns e aplausos!!!

Beijos

Mirze

Marcelo Novaes disse...

FALA COM UM IRRITANTE SOTAQUE CARIOCA.
É CAPAZ DE FAZER VERSOS RUINS E OUTROS BONS.
É ORIGINAL.
QUANDO A CONHECI PENSEI: FALSA!
MEIA HORA DE CONVERSA, PENSEI: GENTE !

Olha o que dá se fiar nas primeiríssimas impressões...

Não gostas do sotaque carioca, amigo?! Por causa dele ser a tônica nos programas televisivos? Esclareça-me isso..

O texto é ótimo. Convide Yara a se juntar a nós no Beco dos Poetas e Escritores. Se Yara argumentar que "não é poeta"..., diga-lhe ( tá ouvindo, Yara?), que o Beco é para apreciadores e pra conversar também.


Abração,




Marcelo.